Experiências | Subir à Montanha do Pico e pernoita com a Pico Me UP



Subir à Montanha do Pico e ficar lá a dormir era, para nós, uma actividade de Bucket list. Não só uma lista a nível do que fazer em Portugal, mas do que queremos fazer no mundo. Afinal, não é todos os dias que se dorme na cratera dum vulcão e que é, já agora, o ponto mais alto de Portugal, com 2351m de altura. É mesmo algo "obrigatório" de se fazer pelo menos uma vez na vida.

Antes de irmos, há vários factores nos quais temos que pensar: se queremos ir com ou sem guia, a que horas queremos fazer a subida e a descida, se vai incluir pernoita ... 

Este post está então dividido em 5 partes: 

Nota: Nós escolhemos fazer com guia (com a Pico Me UP) e incluir pernoita. Por isso, o post acaba por ser enviesado nesse sentido. Mas considero mesmo que fizemos a escolha certa. 


O percurso

Começando por aquela pergunta que toda a gente faz: não é difícil? Resposta curta: Sim, é difícil. Requer alguma preparação física, força de vontade e bastante cuidado. Mas não se preocupem, não é uma missão impossível é só uma missão difícil. 
E com um bom guia (como é o caso do Manel da Pico Me UP), a missão difícil torna-se quase uma "missão fácil". Mas já lá vamos.


Voltando ao percurso, o trilho começa na Casa da Montanha, a cerca de 1200m de altitude. São cerca de 3.8km, mas não se enganem por este número. Porque estes 3.8km têm um desnível de cerca de 1150m. Isto dá algo como 3 a 4 horas a subir e outras tantas a descer.
Ao longo do percurso vão encontrar 47 marcos em madeira, sendo que os primeiros são mais espaçados. Depois, a distância entre eles começa a encurtar. O último marco está localizado dentro da cratera e indica o trilho para o Piquinho. A ideia é que, em cada marco, seja sempre possível ver o marco seguinte. Mas, do que percebi, há dias de pior visibilidade em que isso não vai acontecer.



Podemos ser tentados a pensar que a subida é mais difícil. Porque, já diz o povo "a descer todos os santos ajudam". Mas o povo também se engana. A verdade é que a descida é bastante acentuada e há zonas em que a terra está um pouco mais solta e podemos ter tendência a escorregar. Além disso, por estarmos a falar duma subida tão acentuada, os joelhos ressentem-se. Mesmo para quem não costuma ter problemas com os joelhos, como é o meu caso.

Quanto às idades, garanto que a subida é para (quase) todas as idades. No nosso grupo iam pessoas mais velhas e bem mais despachadas que eu.

O nosso grupo no topo do Piquinho


Subir com ou sem guia

Ora, é possível fazer a subida com guia? Claro que é. Para isso, devem fazer a reserva na Casa da Montanha (podem fazê-lo aqui), de preferência com alguma antecedência, visto que tem lotação limitada. A parte má da antecedência é que o tempo pode não estar bom. É uma decisão que terão que tomar.
Então, ao chegarem à Casa da Montanha dão-vos um GPS que serve, por um lado, para quem está a fazer o trilho os contactar caso haja algum problema e, por outro, para eles verem se quem faz o trilho se está a afastar ou não do percurso.

Acompanhamento do percurso na casa da Montanha 


Se quiserem fazer a subida de forma autónoma, os custos são os seguintes: subida à cratera - 15€; subida ao Piquinho - mais 10€; pernoita - mais 10€. Ou seja, se quiserem pernoitar de forma autónoma, o custo será de 35€ por pessoa.

No entanto, a menos que tenham realmente muita experiência em trilhos e montanha, o mais aconselhável é mesmo fazerem a subida com guia. Eles conhecem melhor que ninguém o percurso e, com isso:
  • não correm o risco de se desviarem para zonas mais difíceis 
  • não se vão esforçar desnecessariamente com desvios no percurso
  • mesmo que o tempo pareça estar bom no início, o tempo na montanha é imprevisível(se nos Açores já o é, na montanha ainda mais) e eles saberão o que fazer
  • a motivação será diferente - no nosso grupo tínhamos quem já tivesse feito a subida e ainda assim optou por guia.
  • no caso da pernoita fornecem todo o material necessário e não têm que ir com o material de campismo atrás para a vossa viagem aos Açores

Nós escolhemos a Pico Me UP e ficámos realmente satisfeitos. Porque além do que as outras empresas que fazem a subida também oferecem, a Pico Me UP tem o Manel. O Manel, que deve ser o melhor guia de sempre. O Manel, que faz a subida e a descida em tempo record. O Manel, que faz isto cerca de 9 vezes por semana. O Manel, que consegue perfeitamente ler o grupo e perceber as necessidades de cada pessoa. 
Para vos dar um exemplo, como optámos pela pernoita, as nossas mochilas iam mais pesadas do que uma mochila usada por quem faz a subida e descida no mesmo dia. Claro, é necessário mais material. No entanto, se o trilho já não é fácil sem mochila, a mochila com o material para o campismo torna-o ainda um pouco mais desafiante. Às tantas o Manel percebe que estava a ser difícil para mim e para outra rapariga (gente, a mochila tinha mais de 1/5 do meu peso), passa por nós a correr e tira-nos a mochila. Lá foi o Manel com 3 mochilas. A nós, tirou-nos, literalmente, um peso das costas. E a diferença que isso fez.

Tinha que ficar com uma foto com o Manel


Conclusão: podem ir sem guia, mas será certamente mais fácil com guia. E se o vosso guia for o Manel da Pico Me UP, será ainda melhor.

A Pico Me UP também faz a subida noturna, passeios  de barco e passeios pela ilha. Vejam todas as opções aqui.


Horário da subida e pernoita

Pernoita = Passar a noite onde não é costume passá-la
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021 

Pôr do sol na cratera


Não podia haver nome mais adequado. Não conheço ninguém que tenha o costume de passar a noite dentro duma cratera. E isso, só de si, já é uma experiência. Mas consigo enumerar mais uma série de razões pelas quais esta é a melhor opção:
  • Dividem o esforço da subida e descida por dois dias, dando algum descanso aos músculos a meio;
  • Fazem tanto a subida como a subida durante o dia, evitando problemas desnecessários causados por estar escuro;
  • Têm mais tempo para usufruir da experiência;
  • Têm oportunidade de ver tanto o pôr do sol como o nascer do sol no ponto mais alto de Portugal;
  • Dormem num local fantástico, sem qualquer luz, que vos permitirá ver as estrelas;
Nascer do sol no Piquinho

No entanto, se isto do campismo não for MESMO para vocês (acreditem, tipicamente também não é para mim) ou não houver mesmo hipótese de planearem a viagem à ilha do Pico de forma a incluir pernoita, façam tudo num dia. Mas estas são mesmo as únicas duas razões que vejo para não optarem pela pernoita.
"Mas eu não tenho material de campismo". Isto não podia ser mais uma falsa questão. Nós também não. E a Pico Me UP forneceu tudo o que foi necessário: tenda, saco de cama, colchão, almofada, lanterna, sticks de caminhada, a mochila e até luvas e uma caneca.


O que levar na pernoita

Se estão a pensar fazer pernoita e estão em dúvida do que levar, deixo-vos a lista do que levei:

Roupa: 1 casaco quente, 1 camisola polar, 1 camisola primeira camada, soutien de desporto, roupa interior, impermeável, calças de fato de treino, calças impermeáveis, luvas, gorro. Levei ainda uma muda de roupa para o dia seguinte. Calçados levei os meus Merrel que são mesmo óptimos para estas andanças. 



A roupa depende sempre muito de serem pessoas mais ou menos friorentas, claro. Nem toda a gente levou casaco quente como eu, optaram por mais uma camada. Algumas pessoas do grupo começaram o trilho de calções, mas eu não senti necessidade. Mas tenham em conta que vão estar a mais de 2000m de altitude, portanto levem algo que saibam que vos aquece mas que não vá pesar muito, porque não se esqueçam que terão que andar com toda a roupa vestida ou às costas. Um chapéu também pode ser útil. Importante: não levem os ténis do ginásio ou algo do género, é importante algo que não escorregue como ténis de caminhada ou de montanha.

Bebida (para 2 pessoas): 2 powerade, 4 sumos pequenos, 3l de água

Comida: Sandes (comprámos um pacote de pão tipo pão de forma e fizemos todas as sandes que deu, acho que umas 7 ou 8, com queijo e chourição), 1 pacote de bolachas, 6 barras de cereais, 1 caixa de húngaros (serviram de sobremesa), 6 bananas e 1 pacote de frutos secos.

A nível de comida e bebida, isto foi o que funcionou para nós. Mas houve pessoas do nosso grupo que levaram, por exemplo, panados com esparguete. Vai depender muito do que comem habitualmente e isso varia de pessoa para pessoa. Mas quanto mais prático melhor.

Para campismo (no nosso caso foi tudo fornecido pela Pico Me UP): Tenda, sacos de cama, colchões, almofadas

As nossas mochilas

Outros: Guardanapos, papel higiénico, saco(s) para lixo, óculos de sol, stick de caminhada e mochilas (estes 2 últimos fornecidos pela Pico Me UP)

O que não levámos e nos fez falta foi protector solar. Saímos de lá com um escaldão na cara


A minha opinião

Como vos disse, para nós este trilho era mesmo um ponto de bucket list. Por isso, não podíamos ter ficado mais felizes. 



Apesar de não termos experiência de montanha, temos alguma preparação física e mesmo assim, foi bastante duro. Foi duro tanto porque o percurso em si não é fácil como porque vai haver alturas que vão ter frio, alturas que vão ter calor (a mochila funciona quase como uma camada extra de roupa), alturas em que vão ter que lutar também contra o vento ... mas tudo se faz. E a vista ajuda a fazer valer a pena.



Quanto ao percurso, durante o trilho há zonas mais escorregadias e que é melhor pôr os pés mais de lado, zonas em que o melhor é mesmo ajudar com as mãos, mas também algumas zonas um pouco mais fáceis. E o stick de caminhada acaba por dar uma ajuda.
Já na subida ao Piquinho, a maior parte do tempo foi com pés e mãos no chão porque é como me sinto mais segura. Fun fact: Em algumas zonas do Piquinho sente-se quente a sair das pedras (penso que alguma espécie de actividade vulcânica) e como ia mais perto do chão até deu para aquecer, principalmente porque de manhã estava bastante frio.



E acreditem, com o material de campismo certo, não vão sequer ter frio durante a noite. Nós não tivemos.
Mas a sensação de superação é indescritível. Além disso, se não tiverem muito azar com o tempo, as paisagens maravilhosas que vão ver são sem dúvida uma óptima recompensa. E vou guardar para sempre o certificado que nos dão quando chegamos novamente à casa da montanha e devolvemos o GPS.

Quanto à subida com guia, e com a Pico Me UP em particular, valeu cada cêntimo. É preciso termos em atenção que o barato pode sair caro e portanto mais vale investir um pouco mais e ter a certeza que vamos ter a melhor experiência possível.

No topo de Portugal. Toda encasacada, mas muito feliz!

You May Also Like

1 comentários