Já conheces a ilha do Pico, nos Açores? O Verão é uma óptima altura para conhecer os Açores (ou mais uma ilha, se ainda não tiveres conhecido todas). Mas as nossas ilhas têm tanto para oferecer que pode ser difícil planear o melhor roteiro. Por isso, neste post deixo-vos o nosso roteiro de 3 dias e meio no Pico para se inspirarem. Chegámos ao Pico depois do almoço, portanto dividi o roteiro em Tarde do dia 1, Dia 2, Dia 3 e Dia 4.
Tarde do Dia 1 (Trilho da Criação Velha e Madalena)
Chegámos a meio do dia ao Pico, vindos de ferry do Faial. A primeira coisa que fizemos foi levantar o carro na Autoatlantis mesmo no Porto da Madalena. De seguida fomos ao nosso alojamento deixar as coisas e, aí sim, estávamos prontos para começar.
Como vos disse no post anterior, o Pico tem muito a cultura da vinha, sendo uma paisagem património da humanidade e bastante diferente das vinhas que conhecemos. Por isso, sabíamos que fazer o trilho da Criação Velha seria obrigatório. Podes consultar aqui o folheto do trilho.
O trilho é bastante fácil e passa por paisagens maravilhosas, como o Moinho do Frade. Tem apenas o problema de ser linear. Considerando que são 6.9km para cada lado, vais demorar pelo menos umas 3h30.
Laja das Rosas
Vista do Moinho do Frade
Alternativa para o caso de precisares de poupar tempo: fazer o percurso de carro até à zona da Laja das Rosas, estacionar aí o carro e fazer a pé até à zona identificada com o ponto 4 "Rola-Pipas". Daí, voltar à Laja das Rosas e fazer o resto com o carro.
Nós fizemos o trilho do início a pé, mas quando chegámos ao ponto 4 acabámos por voltar para trás e também fizemos o resto com o carro, tendo parado na zona da Areia Larga e Areia Funda.
Daí até Madalena é um saltinho, pelo que aproveitámos o resto do tempo para passear por Madalena e conhecer a Igreja de Santa Maria Madalena, aproveitar a vista para os dois ilhéus, denominados de Deitado e em Pé e o Jardim dos Maroiços.
Vista para os ilhéus da Madalena
Na Madalena há várias zonas balneares onde podem aproveitar para dar um mergulho, nós não o fizemos porque o tempo não estava muito convidativo.
Outra actividade que podem fazer na Madalena é visitar o Museu do Vinho, onde além de conhecerem mais a cultura do vinho da Ilha do Pico, podem também ver os Dragoeiros e o Mirante junto à vinha. Podem consultar toda a informação sobre o museu no site oficial. Nós não fizemos a visita só porque não somos os maiores fãs de museus.
Terminámos o dia a ver o pôr-do-sol e a jantar no Cella Bar, do qual já vos tinha falado no post anterior sobre o Pico (podem ver aqui). Vimos o pôr-do-sol na parte da esplanada, mas depois voltámos para dentro para jantar. A comida é muito boa e, tendo em conta o sítio, tem um valor bastante simpático. Não deixem de provar a tábua de queijos e enchidos. E os cocktails também são óptimos. O Cella Bar fica junto a umas piscinas naturais também com um ar simpático, as piscinas da Barca. Se forem durante o dia e estiver bom tempo, passem também pelas piscinas.
Cella Bar
Dia 2 (Lagoas e Subida ao Pico)
O segundo dia começou com um passeio pelo interior da ilha, onde pudemos observar as várias lagoas. Não esperes lagoas como as de São Miguel, mas são muito bonitas e o passeio pela estrada das lagoas é mega interessante.
Entrámos na EN3, a estrada longitudinal, logo na Madalena. Ao longo dessa estrada, se o tempo permitir, podemos ir observando a vista para a Montanha. A certa altura, começa a maior recta do território português: 9Km, completamente em frente. Depois, já quase no fim da recta, vão encontrar a primeira lagoa: a lagoa do capitão. É a maior e também a que tem vista mais bonita para o Pico.
Lagoa do Capitão
Lagoa do Capitão
Infelizmente a zona da Montanha estava nublada quando lá fomos e não tivemos aquela visão quase que de "postal". Ficará para a próxima.
Seguindo viagem, no fim desta reta, vão-se cruzar com a EN2, a estrada transversal. Virando à direita e andando cerca de 1km, vão encontrar uma indicação para as lagoas à esquerda. Esta estrada não está em condições brilhantes, mas é possível fazer com o carro desde que se tenha cuidado. É realmente uma paisagem bonita, pelo que, ainda que não seja algo mega comum nos roteiros do Pico, não deves deixar de conhecer. Vão encontrar nesta estrada a Lagoa do Caiado, Lagoa Seca, Lagoa do Paúl (poderá ter pouca água), Lagoa da Rosada e Lagoa do Peixinho.
Lagoa do Caiado
Depois deste passeio fomos até ao nosso alojamento na Madalena para nos prepararmos para a subida ao Pico, a maior aventura desta viagem. Apesar de nessa noite já não termos alojamento marcado (ou melhor, tínhamos, mas era na cratera), o dono do alojamento onde tínhamos ficado a noite anterior disse-nos que não tinha ninguém nessa noite, pelo que poderíamos fazer o check-out mais tarde. E deu jeito para comer e para nos organizarmos.
O resto do dia foi passado na subida com pernoita ao Pico, com a Pico Me Up. Não me canso de dizer o quão fantástica é a experiência.
No topo da cratera a ver o pôr-do-sol
Dia 3 (Descida do Pico e São Roque do Pico)
A nossa viagem pelo Faial e Pico teve um dia pior em termos de tempo em cada ilha. No Pico, o Pior foi sem dúvida este 3º dia.
A manhã foi a descida do Pico. Acordámos cedo e ainda vimos o nascer do sol, mas depois começou a ficar nevoeiro. Felizmente aguentou sem chover toda a descida e portanto ainda conseguimos chegar secos (e com muito calor) à Casa da Montanha.
Descida, com vista para o Faial
Terminada essa aventura, fomos fazer check-in no nosso 2º alojamento, tomar um banho e descansar um pouco, até porque tinha começado a chover e portanto não iria dar para muito mais. Por isso, apesar dos planos para este dia incluirem toda a zona desde São Roque até São João (ou seja, fazer o litoral "à esquerda" da EN2, acabámos por ter que adaptar e muita coisa ficou para o dia seguinte
Ficámos a descansar um pouco e, quando o tempo melhorou, fomos conhecer a zona de São Roque do Pico, uma zona muito ligada à caça da baleia e um dos Portos mais importantes da ilha.
Começámos na zona do Cachorro, onde vimos a zona balnear do Cachorro, uma que é, na minha opinião, das mais bonitas da ilha, muito devido às formações rochosas e aos arcos e grutas.
Uma formação rochosa muito característa na zona da zona balnear do Cachorro. Até que faz lembrar um cachorro, mas quando fomos lá estava sem uma "orelha". Conseguem ver?
Já mesmo em São Roque, se tiveres interesse em saber mais sobre esta tradição das baleias na ilha, sugiro uma visita ao Museu da Indústria Baleeira. Nós optámos apenas por andar a passear pela Vila e visitámos locais como Igreja do o Convento de São Pedro de Alcântara, as Piscinas do Cais do Pico, as Piscinas de São Roque do Pico, a Igreja Matriz de São Roque e a zona da Ponta Rasa com um moinho com vista para São Jorge e onde também ainda vimos o arco íris para a zona da Ponta da ilha.
Fotos em São Roque
O jantar foi no restaurante Magma (podem ver aqui), um restaurante muito "trendy" no Pico e um pouco mais caro que a média, mas com uma comida simpática e com uma vista linda para São Jorge. Comemos sopa rica de peixe e depois lulas, ambos muito bons. De sobremesa, torte de limão tangerino, que foi o que menos nos convenceu.
Deitámos cedo, que o dia seguinte era o último e tinha que começar cedo porque havia muito por ver que tínhamos deixado para o dia seguinte devido ao tempo menos simpático neste dia.
Dia 4 (Passeio pela Ilha)
O dia 4 foi o dia em que fomos parando pelos vários pontos da ilha. Foi também o dia em que tivemos mais sorte com o tempo e pudemos ver a montanha praticamente sem nuvens.
Começámos pela zona da Prainha, onde visitámos o Parque Florestal da Prainha, a Ponta do Mistério e também a Baía das Canas, uma zona balnear muito agradável. Do que vimos, é uma zona pouco conhecida e muito sossegada, mesmo no Verão. Quando lá fomos não estava ninguém, claro.
Praia da Baía dos Canas
Mesmo na localidade da Prainha, visitámos a zona da igreja e depois a zona balnear Poça da Branca.
Prainha
Poça da Branca
A paragem seguinte foi o Miradouro da Terra Alta, a 415m de altitude e com vista para São Jorge. Somos fãs de miradouros, portanto tentamos conhecer a maioria dos miradouros. E, na sua maioria, os dos Açores são realmente bonitos, portanto vale sempre a pena a paragem.
Vista do Miradouro da Terra Alta
Depois parámos no Calhau, onde também fomos ver a zona balnear. Pena não estar calor (apesar de estar um dia bastante limpo), porque foi a zona que mais nos deu vontade de dar um mergulho.
Zona Balnear do Calhau |
Próxima paragem: Ponta da Ilha, onde pudemos observar a Escoada Lávica bem como ver a zona do Farol (não é visitável, parámos o carro e fomos até à entrada, vimos a vista e voltámos para trás).
Farol da Ponta da Ilha
Parámos depois na Padaria de Fetais, para comprar o famoso pão de milho. Se forem ao Pico, é mesmo obrigatório passar lá para comprar este pão que deve ser dos melhores que já provei.
Fomos depois até à Calheta do Nesquim, onde os pontos de visita principais foram a Igreja de São Sebastião e a Poça das Mujas.
Seguimos para a zona da Ponta do Arrife, onde parámos no Miradouro da Ponta do Arrife que tem uma vista linda sobre o mar e a costa da zona sul da ilha e, mais à frente, na Ponta do Castelete, onde já pudemos observar a Fajã Lávica das Lajes do Pico.
Miradouro da Ponta do Arrife
Ponta do Castelete
Queijaria São João
Comprado o queijo, voltámos às Lajes do Pico, uma das zonas mais bonitas do Pico e que não podem deixar de conhecer. Visitámos a Igreja da Santíssima Trindade e as Piscinas Naturais e depois almoçámos por ali a nossa bela sandes. Com uma vista linda, mesmo ao pé do moinho. Que bem que soube.
Igreja das Lajes do Pico
A vista no nosso almoço, nas Lajes do Pico
Existe também um museu sobre a Indústria da Baleia, mas mais virado para a parte humana, o museu dos Baleeiros. Nós não visitámos, mas fica a sugestão para quem tiver interesse.
Fomos então novamente em direcção à zona de São João, parando pelo caminho na Zona Balnear da Fonte. Já em São João, começámos por visitar a Ponta Rasa e o seu moinho, um dos que achámos mais giros. Depois passámos no Parque Florestal de São João, também uma óptima opão para um picnic.
Moinho da Ponta Rasa
Passámos em São Caetano, onde parámos para tirar umas fotos para a montanha (o declive da montanha ali é bastante elevado e portanto é uma óptima zona para fotografar).
Vista para o Pico em São Caetano
Depois seguimos para São Mateus, onde vimos a igreja, a piscina de São Mateus e, mais à frente, o Miradouro da Pontinha.
Miradouro da Pontinha
Finalmente, como já estávamos com pouco tempo (afinal, acabámos por ter que incluir neste dia uma parte do roteiro do dia anterior), tivemos que escolher entre uma visita à Cooperativa Vitivinicola da Ilha do Pico (Pico wines) ou à Gruta das Torres. Acabámos por ir até à Cooperativa, para ficar a saber um pouco mais sobre o vinho. Não fizemos prova porque ele estava com o carro e eu por solidariedade, mas é algo que tenho que fazer numa próxima visita ao Pico. Assim como visitar a Gruta das Torres, o maior tubo lávico de Portugal.
Depois, foi tempo de ir buscar as malas e seguir para o aeroporto. Era o fim da nossa viagem.
Vista para o Pico à entrada do aeroporto
No geral, achei que 4 dias são tempo suficiente para conhecer o Pico. No entanto, se quiseres aproveitar com calma as zonas balneares (e o tempo convidar a isso) e visitar alguns museus, diria que 5 dias seriam o ideal. Afinal, esta é a 2a maior ilha dos Açores.
Espero que este post seja útil! Boas viagens ;)